- SANGRA D’ÁGUA (Crotonurucurana) 

Significado do meu nome científico:
Meu nome científico é Crotonurucurana. "Croton" vem do grego kroton, que significa "carrapato", uma referência à forma das sementes do gênero. “Urucurana” é uma palavra de origem indígena, associada à coloração avermelhada da seiva, similar ao "urucum", em alusão à minha seiva que "sangra" quando o tronco é cortado. 
 
Minhas características:
Sou uma árvore decídua de médio porte, alcançando entre 7 e 14 metros de altura. Tenho tronco claro, copa aberta e ramos com pelos estrelados ferrugíneos. Minhas folhas são grandes, cordadas ou oval-lanceoladas, de cor ferrugínea quando jovens e esbranquiçadas na face inferior. As flores são pequenas, de coloração amarelo-esverdeada, e dispõem-se em inflorescências racemosas com variação sexual (masculinas, femininas ou mistas). Meu fruto é seco, capsular, e se separa em três partes quando maduro, liberando sementes ovadas e ricas em óleo. 
 
Sou endêmica:
Sou uma espécie nativa do Brasil, encontrada principalmente nas regiões Centro-Oeste, sudeste e Sul, especialmente em áreas alagadas e brejosas. 
 
Onde me encontro:
Hábito ambientes úmidos, como margens de rios, brejos e várzeas. Tenho preferência por solos encharcados, e sou comum na vegetação de Floresta Estacional Semidecidual e Matas de Galeria do Cerrado. 
 
Quando floresço:
Minha floração é prolongada, ocorrendo de dezembro a junho. As flores abrem principalmente à noite (entre 23h e 4h), durando cerca de três dias. 
 
Quando dou frutos:
A frutificação ocorre quase simultaneamente à floração, com maturação dos frutos entre fevereiro e julho. Cada inflorescência pode gerar cerca de 30 frutos. 
 
Como minhas sementes são espalhadas:
A dispersão das minhas sementes se dá por dois mecanismos: deiscência explosiva, onde os frutos "estouram" ao secar, e hidrocoria, quando as sementes são levadas pela água. Apesar de produzir grande quantidade de sementes viáveis, o ataque de insetos (especialmente do gênero Apion) pode comprometer a germinação. 
 
Para que posso ser usada pelas pessoas:
Sou utilizada em projetos de recuperação de áreas degradadas por tolerar solos encharcados. Minha madeira, apesar de macia, é usada para lenha. Em feiras livres, partes da minha planta são vendidas por seu valor medicinal popular. 
 
Tenho interesse médico:
Sim! Sou conhecida popularmente por minhas propriedades medicinais. Minha casca e seiva são utilizadas na medicina tradicional para o tratamento de inflamações, hemorragias internas e problemas gástricos, além de ser considerada depurativa. Estudos também indicam presença de compostos bioativos com potencial anti-inflamatório. 
 
Quem convive comigo na natureza:
Minhas flores atraem diversos polinizadores, como abelhas (principalmente Apis mellifera) e outros insetos noturnos e diurnos. Meus frutos também podem ser consumidos por animais pequenos e auxiliam na dinâmica ecológica de áreas úmidas. 
 
Estou em risco:
Atualmente, não sou considerada ameaçada de extinção, mas, por depender de ambientes úmidos e brejosos, posso ser afetada por mudanças no uso do solo, drenagens e poluição de corpos d'água. 
 
Tenho proteção especial:
Sou valorizada em programas de restauração ecológica por minha adaptação a ambientes hidromórficos e capacidade de regeneração rápida. No entanto, ainda sou explorada majoritariamente de forma extrativista.